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domingo, 7 de junho de 2009•

Está longe, e está onde mais importa - do lado de dentro.

Inicio do Ano letivo de 1994:
Entrei envergonhada na sala de aula, naquele pavilhão onde eu fiz a sétima série e agora estaria fazendo a minha segunda oitava...

Eu era, pela primeira vez, repetente.

Quando aquele pavilhão fora inaugurado alguns anos antes, eu era sétima série, e meus colegas, meus atuais colegas, eram sexta...

Eu brinquei demais na oitava série, e agora estava pagando pelo meu erro - que naquele momento era vergonha.

No primeiro dia de aula, as professoras se apresentavam. Só.

Mas naquela 8ª E (que era dos alunos mais jovens do turno vespertino), não era somente assim. A maioria das professoras que entravam na sala me reconheciam do ano anterior e me usavam como exemplo de alguma coisa. Normalmente mau exemplo.

Aquele menino comportado, de cabeça grande e que ia sempre de bicicleta pra aula, me chamou a atenção. Agora nao me recordo direito se é pq eu tinha visto algum aluno mais velho correr com a bicicleta dele em um ano anterior, se foi por causa de Meirinha, ou ainda, pq ele é irmão de uma antiga colega minha...

As três coisas eram verdade...

Ele ja tinha sido colega de Meirinha em um ano anterior, e, como eu ia às vezes na sala dela, o via. E também vi algum idiota correr com a bicicleta dele... E tb, se não me engano, na minha outra oitava série, o vi pelos corredores com sua irmã, Verônica - menina com feições indigenas. Linda.

Não colamos.

De maneira Nenhuma! Ele era muito certo e eu a repetente que os professores usavam de mau exemplo.

Mas eu não me esqueço dele, em nenhum momento seu no ano...
Nem quando ele cantava

"Lá vem o Negão
Cheio de paixão
te catar
te catar
te catar..."

ou

"Olha o azulão
olha o azulão..."

que eram musicas que, por algum motivo, estavam na boca do povo na época.

Lembro, sim dele cantando essas musicas!, mesmo eu escolhendo, naquele ano, percorrer um caminho diferente do dele...

Em 1995, me inscrevi na Escola Agotécnica Federal de Guanambi.
Seria a primeira turma, regime de internato e semi internato, e, era meu sonho estudar em uma escola assim.

Em 1995 eu já estava escrevendo meu primeiro livro e ele estava pela metade. Eu precisava daquela experiencia...

Déga, colega da segunda oitava série que ficava comigo fazendo "rezenha" na pracinha ia estudar la também e me dava carona todas as vezes que teriam as provas de admissão.

Não teve nenhuma...

E a escola demorou de inaugurar...

... por medo de que não saísse aquele ano, a maioria das pessoas inscritas pra Agrotécnica também se matricularam no "estadual" em contabilidade e começaram a cursar.

À noite.

De novo, eu fui colega dele.

Mas passamos pouco tempo nesse curso, pois logo as aulas na agrotécnica começaram pra valer, e ninguem ali estava interessado em fazer dois cursos de nível médio ao mesmo tempo...

Sem contar que ele iria ficar na Arotécnica a semana inteira...

A unica coisa marcante que fizemos no curso de Contabilidade foi uma avaliação que teriamos que montar uma peça teatral. No final, cantamos uma música de Padre Zezinho...

"Abençoa Senhor!, as famílias, Amém!
Abençoa, Senhor!, a minha também!"

Na Agrotécnica eu não fugi da estranha ligação que parecíamos ter.

Não fugi apesar do sucesso que eu fazia.

Éramos colegas. Na Agrotécnica as turmas eram separadas por ordem alfabética...
Da letra A à ... se não me engano, E - eram turma A

Da letra E à H eram turma B, e assim por diante...

Ele e eu éramos colegas de turma. De sala de aula. Éramos turma B.

Mas ainda na turma B, havia outra divisao por ordem alfabética para as aulas práticas: B1, B2 e B3.

Nós dois ficamos na B2 pq ainda era por ordem alfabética.

Ficamos ligados.

Inseparáveis.

Brincamos de baleado - em alguns lugares, queimado - com um paralelo que acabou acertando meu pé.

Ele me carregou por semanas nas costas, até meu pé ficar bom!

Passamos pro segundo ano, com meu monitor de quimica favorito me ajudando muito e vieram as meninas pra instituição - ate aquele momento eramos, se nao me falha a memória, apenas 4. Sendo que eu era a única de minha turma.

Eu ja tinha saído nos tapas, em total igualdade, com Flaubert e matava galinhas cortando sua jugular com a mesma mestria que qualquer um dos meninos. Me orgulhava de capinar como eles, também!

Mas com a chegada de outras meninas... bem, com a chegada delas, eu comecei a agir como menina: impondo superioridade nos meninos, tentando demonstrar sensualidade... essas coisas.

Me juntei a algumas delas, tomei banho no canal, esperimentei cigarro e vomeitei muito. Roubei cacho de uva no caminho de volta à escola, vindo da suinocultura...

Fui convidada a me retirar da escola.

Mas foi motim de Ana Paula pq fora da escola ela namorava com um amigo meu e dentro da escola ela pegava um gatinho que eu ja tinha estado afim! Ela pensava que eu era despeitada quinem ela e que iria entrega-la ao namorado "de fora".

Ainda a odeio e sei que ela ainda irá pagar por isso.


Saí da escola mas não me separei dele.

Aliás, ele foi o único com quem mantive contato...


Ele se formou e foi pra salvador fazer cursinho.

Levou consigo o caderno em que eu escrevia aquela historia que estava pelo meio... Aquela que eu disse acima!!! Levou pra ler e deve ter sumido, pois nunca mais nem ouvi falar daquele caderninho forrado com papel cor de cocô!


Ele passou no vestibular da UFBA em Medicina - como eu ja esperava - e, lógico!, eu estava em sua casa pra comemorar!


Até 2005, nos encontramos todas as férias dele - quando ia a Guanambi - ou nas minhas, quando eu ia a salvador.

Fomos pra retiro espiritual juntos...

Me deu caminho...
Sempre.

E em 2005, fui morar lá...


...e aquele que era meu melhhor amigo, podia estar comigo praticamente todos os dias, me aplicando injeção quando eu estava doente, me ouvindo quando eu precisava, enfim!, fazendo seu papel melhor que qualquer um podia fazer.

E eu?

Não acredito que hajam muitas pessoas que o ame mais que eu amo.

Eu o amo, respeito e admiro.

E preciso dele.

Por que ele é meu melhor amigo.

Ano passado eu marquei férias que meu gerente nao deu e, depois de dois anos em Manaus, voltei à salvador na data de sua formatura.



Chorei em sua colação de Grau... Chorei pq o conheço, conheço sua historia, conheço sua vida e conheço Gera...

Chorei pq ele é meu amigo, pq ele é meu irmão.

Chorei pq ninguem ali merecia aquele diploma mais que ele, e eu sabia disso!

Chorei como estou chorando agora, pq Gera faz parte de minha vida e ninguém tem o direito de me tirar isso.

De nos tirar isso...

Estamos do lado de dentro, meu amigo. O que temos, é nosso, e ninguem pode apagar. Ninguem pode substituir.

Muita gente nao entende o que temos, e eu nem espero isso. O que temos é raro, incomum, lindo e eterno.

Eu o conheço assim como ele conhece a mim. O amor que sentimos um pelo outro está além da compreensão de quem olha de fora...
Crescemos juntos.
Apanhamos juntos.
Sofremos juntos.
Juntos aprendemos o significado de muita coisa, e juntos, construímos nossa via de mão dupla.
Via que não pára, que sempre esteve em consntante movimento...
Mesmo quando eu pensava estar sozinha, vc sempre esteve de meu lado...
Já você, meu amigo... Vc sabe que nunca esteve sozinho!

Gera será meu padrinho de casamento, se um dia eu oficializar minha união. Ele será padrinho de meus filhos, se um dia os ter...

Gera, mesmo se não houver formalização de nada, será sempre aquele que terá um lugar em minha casa, na casa de minha família e em minha vida...

... pq Gera, há alguns anos, começou a fazer parte de minha família. E família, é para sempre! Por ele, também, mato e morro.

Então, como sempre há um pouco mais a escrever sobre Gera, sempre algo mais a dizer, só me resta uma prece:
Te peço Senhor!, ilumine nossas vidas e nossos caminhos, e não permita - nunca - que nos falte aqueles que amamos.

Amém.

Ban - 10:27

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