Inicio do Ano letivo de 1994:
Entrei envergonhada na sala de aula, naquele pavilhão onde eu fiz a sétima série e agora estaria fazendo a minha segunda oitava...
Eu era, pela primeira vez, repetente.
Quando aquele pavilhão fora inaugurado alguns anos antes, eu era sétima série, e meus colegas, meus atuais colegas, eram sexta...
Eu brinquei demais na oitava série, e agora estava pagando pelo meu erro - que naquele momento era vergonha.
No primeiro dia de aula, as professoras se apresentavam. Só.
Mas naquela 8ª E (que era dos alunos mais jovens do turno vespertino), não era somente assim. A maioria das professoras que entravam na sala me reconheciam do ano anterior e me usavam como exemplo de alguma coisa. Normalmente mau exemplo.
Aquele menino comportado, de cabeça grande e que ia sempre de bicicleta pra aula, me chamou a atenção. Agora nao me recordo direito se é pq eu tinha visto algum aluno mais velho correr com a bicicleta dele em um ano anterior, se foi por causa de Meirinha, ou ainda, pq ele é irmão de uma antiga colega minha...
As três coisas eram verdade...
Ele ja tinha sido colega de Meirinha em um ano anterior, e, como eu ia às vezes na sala dela, o via. E também vi algum idiota correr com a bicicleta dele... E tb, se não me engano, na minha outra oitava série, o vi pelos corredores com sua irmã, Verônica - menina com feições indigenas. Linda.
Não colamos.
De maneira Nenhuma! Ele era muito certo e eu a repetente que os professores usavam de mau exemplo.
Mas eu não me esqueço dele, em nenhum momento seu no ano...
Nem quando ele cantava
"Lá vem o NegãoCheio de paixãote catarte catarte catar..."ou
"Olha o azulãoolha o azulão..."que eram musicas que, por algum motivo, estavam na boca do povo na época.
Lembro, sim dele cantando essas musicas!, mesmo eu escolhendo, naquele ano, percorrer um caminho diferente do dele...
Em 1995, me inscrevi na Escola Agotécnica Federal de Guanambi.
Seria a primeira turma, regime de internato e semi internato, e, era meu sonho estudar em uma escola assim.
Em 1995 eu já estava escrevendo meu primeiro livro e ele estava pela metade. Eu precisava daquela experiencia...
Déga, colega da segunda oitava série que ficava comigo fazendo "rezenha" na pracinha ia estudar la também e me dava carona todas as vezes que teriam as provas de admissão.
Não teve nenhuma...
E a escola demorou de inaugurar...
... por medo de que não saísse aquele ano, a maioria das pessoas inscritas pra Agrotécnica também se matricularam no "estadual" em contabilidade e começaram a cursar.
À noite.
De novo, eu fui colega dele.
Mas passamos pouco tempo nesse curso, pois logo as aulas na agrotécnica começaram pra valer, e ninguem ali estava interessado em fazer dois cursos de nível médio ao mesmo tempo...
Sem contar que ele iria ficar na Arotécnica a semana inteira...
A unica coisa marcante que fizemos no curso de Contabilidade foi uma avaliação que teriamos que montar uma peça teatral. No final, cantamos uma música de Padre Zezinho...
"Abençoa Senhor!, as famílias, Amém!Abençoa, Senhor!, a minha também!"Na Agrotécnica eu não fugi da estranha ligação que parecíamos ter.
Não fugi apesar do sucesso que eu fazia.
Éramos colegas. Na Agrotécnica as turmas eram separadas por ordem alfabética...
Da letra A à ... se não me engano, E - eram turma A
Da letra E à H eram turma B, e assim por diante...
Ele e eu éramos colegas de turma. De sala de aula. Éramos turma B.
Mas ainda na turma B, havia outra divisao por ordem alfabética para as aulas práticas: B1, B2 e B3.
Nós dois ficamos na B2 pq ainda era por ordem alfabética.
Ficamos ligados.
Inseparáveis.
Brincamos de baleado - em alguns lugares, queimado - com um paralelo que acabou acertando meu pé.
Ele me carregou por semanas nas costas, até meu pé ficar bom!
Passamos pro segundo ano, com meu monitor de quimica favorito me ajudando muito e vieram as meninas pra instituição - ate aquele momento eramos, se nao me falha a memória, apenas 4. Sendo que eu era a única de minha turma.
Eu ja tinha saído nos tapas, em total igualdade, com Flaubert e matava galinhas cortando sua jugular com a mesma mestria que qualquer um dos meninos. Me orgulhava de capinar como eles, também!
Mas com a chegada de outras meninas... bem, com a chegada delas, eu comecei a agir como menina: impondo superioridade nos meninos, tentando demonstrar sensualidade... essas coisas.
Me juntei a algumas delas, tomei banho no canal, esperimentei cigarro e vomeitei muito. Roubei cacho de uva no caminho de volta à escola, vindo da suinocultura...
Fui convidada a me retirar da escola.
Mas foi motim de Ana Paula pq fora da escola ela namorava com um amigo meu e dentro da escola ela pegava um gatinho que eu ja tinha estado afim! Ela pensava que eu era despeitada quinem ela e que iria entrega-la ao namorado "de fora".
Ainda a odeio e sei que ela ainda irá pagar por isso.
Saí da escola mas não me separei dele.
Aliás, ele foi o único com quem mantive contato...
Ele se formou e foi pra salvador fazer cursinho.
Levou consigo o caderno em que eu escrevia aquela historia que estava pelo meio... Aquela que eu disse acima!!! Levou pra ler e deve ter sumido, pois nunca mais nem ouvi falar daquele caderninho forrado com papel cor de cocô!
Ele passou no vestibular da UFBA em Medicina - como eu ja esperava - e, lógico!, eu estava em sua casa pra comemorar!
Até 2005, nos encontramos todas as férias dele - quando ia a Guanambi - ou nas minhas, quando eu ia a salvador.
Fomos pra retiro espiritual juntos...
Me deu caminho...
Sempre.
E em 2005, fui morar lá...
...e aquele que era meu melhhor amigo, podia estar comigo praticamente todos os dias, me aplicando injeção quando eu estava doente, me ouvindo quando eu precisava, enfim!, fazendo seu papel melhor que qualquer um podia fazer.
E eu?
Não acredito que hajam muitas pessoas que o ame mais que eu amo.
Eu o amo, respeito e admiro.
E preciso dele.
Por que ele é meu melhor amigo.
Ano passado eu marquei férias que meu gerente nao deu e, depois de dois anos em Manaus, voltei à salvador na data de sua formatura.
Chorei em sua colação de Grau... Chorei pq o conheço, conheço sua historia, conheço sua vida e conheço Gera...
Chorei pq ele é meu amigo, pq ele é meu irmão.
Chorei pq ninguem ali merecia aquele diploma mais que ele, e eu sabia disso!
Chorei como estou chorando agora, pq Gera faz parte de minha vida e ninguém tem o direito de me tirar isso.
De nos tirar isso...
Estamos do lado de dentro, meu amigo. O que temos, é nosso, e ninguem pode apagar. Ninguem pode substituir.
Muita gente nao entende o que temos, e eu nem espero isso. O que temos é raro, incomum, lindo e eterno.
Eu o conheço assim como ele conhece a mim. O amor que sentimos um pelo outro está além da compreensão de quem olha de fora...
Crescemos juntos.
Apanhamos juntos.
Sofremos juntos.
Juntos aprendemos o significado de muita coisa, e juntos, construímos nossa via de mão dupla.
Via que não pára, que sempre esteve em consntante movimento...
Mesmo quando eu pensava estar sozinha, vc sempre esteve de meu lado...
Já você, meu amigo... Vc sabe que nunca esteve sozinho!
Gera será meu padrinho de casamento, se um dia eu oficializar minha união. Ele será padrinho de meus filhos, se um dia os ter...
Gera, mesmo se não houver formalização de nada, será sempre aquele que terá um lugar em minha casa, na casa de minha família e em minha vida...
... pq Gera, há alguns anos, começou a fazer parte de minha família. E família, é para sempre! Por ele, também, mato e morro.
Então, como sempre há um pouco mais a escrever sobre Gera, sempre algo mais a dizer, só me resta uma prece:
Te peço Senhor!, ilumine nossas vidas e nossos caminhos, e não permita - nunca - que nos falte aqueles que amamos.
Amém.
quinta-feira, 4 de junho de 2009• |
...mas ela não convence!!!
Eu vou, todo santo dia [nem todo] pra faculdade, pago, religiosamente, as mensalidades [em dia pra não perder o desconto] e você vem me dizer que eu estou errada em querer aula???
Santa paciência!, pq eu, eu não tenho vocação pra idiota!
Unip – Manaus.
Unip, uma universidade particular, que apesar da fama das universidades particulares, carrega a sua própria fama de... pra não ser injusta comigo mesma, bagunçada.
Manaus, uma cidade que... Uma cidade desconhecida pelos brasileiros, de difícil acesso, onde tudo é mais caro [injustificadamente], onde todas as coisas são complicadas [injustificadamente], onde a lei parece não se aplicar, as pessoas são conhecidas como índios, defendem sua Amazônia com unhas e dentes [apesar de defender desmatamento!!!] e onde governa o pior transito do mundo.
Por alto...
Quarta-feira, 27 de junho de 2009.
Banzinha, que passou o dia lendo sobre
ULA na internet, chega na sala de aula e, antes de procurar sua cadeira, faz aquele típico reconhecimento de território e senta onde lhe pareceu mais confortável [do lado de Alex e Krol, claro!]. Se não me engano, uma equipe já havia apresentado quando cheguei. Beleza, contando que não seja a minha...
Continuei lendo [entre o papo com os coleginhas] a apostilinha de ULA que havia elaborado.
Jack vai pra frente da sala e, juro pra vc´s, sem desmerecer qq outro coleguinha querido, se eu tivesse uma empresa hoje, ele seria meu gerente de TI. [O cara convence pracaralho!] Mas antes de ele abrir a boca, levanto meu braço:
- Não querendo falar por todos, mas já falando [já que eu sei que é mais verdade com vocês do que comigo, o que direi]: eu não acho correto o professor não dar aulas e simplesmente marcar um trabalho com assuntos complicados como micro-arquitetura pra poder assinar a aula frente à secretaria da Universidade. Nos próximos semestres seremos cobrados por isso e a única explicação que teremos é a do colega, que [me desculpem os que não gostarem] pra mim não é suficiente.
Meu professor só disse que depois complementaria todas as apresentações no final de cada uma - o que não fez.
Massa.
Nois tenta entender!
Jack foi lá, butou com borra [como sempre], mas, no final da apresentação dele um zébuceta veio com a seguinte Parábola [eita caralho!, onde é o acento disso mermo?]:
“Era uma vez um pássaro que não gostava de migrar para o sul no inverno. Então, num certo ano, resolveu que não viajaria. Contou a seus companheiros que, em vão, tentaram demovê-lo da idéia. Chegado o tempo de partir, todos os demais se despediram, ficando ele sozinho. Com o passar dos dias, a temperatura caindo, percebeu que realmente seria impossível ficar e se preparou para viajar. Entretanto, sua decisão fora tardia: começou a voar e, após algum tempo, viu que suas asas congelavam e seu esforço não seria o bastante para continuar. Foi perdendo altura, perdendo altura… até cair num pátio de estrebaria. Quando lançava o que pensava ser seu último suspiro, um cavalo sai da baia e…enche o pássaro de bosta. Indignado, pensou: vou morrer e, ainda por cima, cheio de cocô de cavalo. Notou, porém, que a cagada quentinha lhe aquecia, o que foi lhe devolvendo à vida. Cantou de felicidade, cada vez mais alto.
Um grande e gordo gato que passava por perto ouviu o seu cantar, pulou o muro, futucou o monte de bosta e… comeu o pássaro.As 4 morais da história:
1. nem sempre quem te põe na merda é seu inimigo;
2. nem sempre quem te tira da merda é seu amigo;3. se você está quente e confortável, mesmo que seja na merda, mantenha o bico fechado;
4. quem está na merda não canta.”E continuou:
- Pessoal, há 15 dias, eu fui pai. Tem 15 dias que não durmo e estou aqui na frente, apresentando meu trabalho. Se alguém aqui acha que seria fácil, não sabe o que é faculdade.
Decididamente ele mexeu com a pessoa errada:
- Daniel seu nome, NE?
- É, sim – ele respondeu andando em minha direção e eu fiquei em pé.
- Vc se considera idiota? – ele fez que ‘não’ com a cabeça – Pois parece. Vc sabe o que é PUC? Antes que me diga que não, eu lhe respondo: Pontifícia Universidade Católica. Nome, meu amigo, Universidade renomada, caso não lhe signifique algo. Eu não só sei o como funciona uma universidade, como estudei numa Universidade de Renome. [agora, momento House:] E pro seu governo, é humanamente impossível alguém ficar mais de 3 dias sem dormir, meu caro. Só pro caso de vc falar merda novamente...
Como se cala um idiota?
[todo mundo falando com a tia:] Mostrando a ele o quão idiota ele é.
O que ele faz depois disso?
[de novoooo:] Ri pra fingir que está por cima da carne seca...
Bem, Alex [meu grande e centrado amigo Alex] pegou no meu bracinho e me pediu clama. Aí entra o coordenador do curso e antecipa a entrega de nosso projeto [que não está nem começado ainda] em 10 dias.
Depois de muita confusão na sala [feita, é claro!, por mim] o coordenador sai da sala, e eu vou pra frente apresentar minha parte do trabalho [sem ler!]:
- Bem, como eu sei que ta todo mundo quentinho, confortável e barulhento...
[Não tenho vocação pra santa, muito menos pra idiota.
Não ia desperdiçar a metáfora que meu colega, com tanto trabalho, citou pra me insultar. Contudo, ele há de convir, que alguns de nós [aqueles cuja vida nunca foi facilitada por ninguem, muito menos por professor incompetente que não gosta de dar aula, mas nao se importa em dar nota] aquela parábola não quer dizer nada.
Estamos no Brasil [nesse caso, somente nesseS, Manaus não é diferente], onde sempre dá-se um "jeitinho" em tudo, e, se não for no grito, algumas coisas não se acertam nunca. E eu, meu amigo, além de extremanente ansiosa [dãããã], não tenho vocação pra idiota.]
segunda-feira, 1 de junho de 2009• |
Eu cultivo sonhos.
Nem sempre sou eu quem os planta, mas depois que a semente deles está depositada, eu cuido deles.
Eu Adubo.
Rego Diariamente. Sempre quando não há perigo de a temperatura estar tão quente a ponto de queimar as folhas novas.
Capino contra as ervas daninhas.
Revolvo um pouco o solo para que as raízes possam se profundar.
Podo quando é tempo.
...e espero seus frutos, que sempre são doces.
Alguns demoram muito para ficar prontos para serem saboreados. São colheitas mais difíceis, culturas de ciclo mais extenso, mas essas são as que tem o fruto mais doce!
Há quase 10 anos, li um livro.
Foi meu primeiro contato com a verdadeira
Lady Gwen. Ela, um fantasma-romantico-irlandês, e eu uma apaixonada inveterada.
Nativa de Ardmore, condado de Colk, ela assombrava vales e sebes, praias e chalés. Eu, acompanhava cada passo atenta e ansiosamente.
Inclusive em imagens do
altavista.
Andamos juntas pelos penhascos sentindo o vento frio em nosso rosto e corpo, e enquanto ela caminhava de pés descalços, eu, com o livro na mão, em frente ao computador, acelerava o passo pra estar apenas um pouco atrás.
Ela me guiava.
Eu, um pouco atrás, parava para olhar em volta, pelo caminho que havia percorrido.
... e me fascinava!
Um gosto que já existia em mim, para muitos esquisito, ficou ainda mais evidente.
Cemitérios.
Com sua aura de mistério, com sua carga de tristeza e sabedoria.
Lady Gwen e eu fomos a muitos lugares, percorremos muito caminhos. Nos tonamos inseparáveis.
Tanto que, em março de 2004, não pude mais separar ela de mim: Assumi seu nome, sua tristeza e mórbida paixão.
No Blog do uol, pela primeira vez, eu era Lady Gwen, cujos sentimentos eu invejava e que, de alguma maneira, não conseguia livra de mim.
Ela ainda está ao meu lado, me levando a lugares que almejo conhecer, ajudando a cultivar os sonhos que, sozinha, plantou. Semeando outros...
Me fazendo forte.
Por uma Lady Gwen que viveu, e ainda na morte, persegue sonhos sem perspectiva de realizar que mudei de endereço. Por uma Lady Gwen que não pode perder sua identidade, voei.
Mantive minhas raízes ficadas em vários blogs pela internet, na região nordeste, no sertão baiano, mas bati minhas asas para cá.
Por uma Lady Gwen que, de braços abertos apenas espera seu sonho chegar, deixei seu nome. Por uma Fernanda que quer sentir o gosto de sonhos realizados e que vai, a todo custo, fazê-lo, assumi um alguém que sempre fui. Ban.
Desde pequena.
Desde que aprendi a ler.
Gwen ainda está aqui... Sim, ela está e divide comigo seus sonhos, pensamentos e sentimentos. Permite que os faça meus, assim como fiz com seu nome. Preciso que ela esteja comigo – e do lado de dentro – para que eu não me esqueça de buscar...
... mas é Fernanda que eu preciso ser pra alcançar.